ANCORANDO A ÉTICA NA NATUREZA HUMANA
Em todas as culturas, todas as filosofias e, na verdade, em todas as perspectivas individuais, não há uma unanimidade sobre a orientação essencial da natureza humana. Pelo contrário, há diferentes pontos de vista. Colocando o assunto da forma mais simples, de um lado existem aqueles que acreditam que somos por natureza violentos, agressivos e competitivos; enquanto de outro lado existem aqueles da opinião de que somos predominantemente predispostos à gentileza e ao amor. A maioria das perspectivas reside entre estes dois extremos, oferecendo espaço para todas as nossas qualidades e tendências em diferentes níveis. De um modo geral, se olharmos para a natureza humana como estando dominada por tendências destrutivas, nossa ética provavelmente estará baseada em algo que está fora de nós mesmos. Nesse caso, compreendemos a ética como um meio para manter essas tendências destrutivas sob controle em função de um bem maior. Se, no entanto, vemos a natureza humana como predisposta para a bondade e para o desejo por uma vida pacífica, então podemos considerar a ética como um meio totalmente natural e racional de cultivar o nosso potencial inato. Nesta visão, a ética consiste não em regras a serem obedecidas, mas em princípios de autorregulação internos para promover aqueles aspectos da nossa natureza que nós reconhecemos como favoráveis ao nosso próprio bem-estar e ao bem-estar dos outros. Esta segunda abordagem está em sintonia com a minha.
Este é um trecho do livro "Além de religião".