Leia aqui a introdução do novo livro de Tenzin Wangyal Rinpoche, "Criatividade espontânea":
Todos nós somos criativos. O tipo de criatividade da qual estou falando em Criatividade Espontânea não é apenas uma qualidade que artistas ou algumas pessoas talentosas possuem. É um poder que todos nós possuímos, um fluxo de energia que surge instintivamente a partir de dentro, influenciando todos os aspectos da nossa vida. A criatividade é o fogo sagrado que faz acender a chama da mudança positiva em nós mesmos, nos outros e no mundo. Nossa natureza é criativa e a humanidade evoluiu por causa disso.Mas parece ser uma condição da natureza humana e, certamente, dos nossos tempos, nos desconectarmos de nossa natureza criativa e procurarmos por alguém ou algo para culpar quando algo dá errado. Podem ser nossos pais, nossa comunidade, nossos líderes, até mesmo a humanidade como um todo, mas sustentamos forças externas a nós mesmos responsáveis por estragar nossa vida. Podemos não fazer isso conscientemente, mas, muitas vezes, nos comportamos como se outra pessoa estivesse no controle, tomando decisões por nós. Gastamos tempo e energia preciosos focados nos outros – culpando-os, reclamando, falando mal e criticando aqueles que não compartilham da nossa visão sobre as coisas. Em vez disso, precisamos voltar nossa preciosa atenção para a fonte criativa que há dentro de nós e assumir a responsabilidade sobre nossa própria vida.
As práticas que ofereço em Criatividade Espontânea pertencem à tradição dzogchen do Budismo Bön. O dzogchen é um termo tibetano que pode ser traduzido como “grande perfeição”. Perfeição, nesse caso, não é um estado ao qual aspiramos, mas a completude essencial que já somos. A visão ou perspectiva do dzogchen é ilimitada, significando que não existem condições ou limites fundamentais que definam nossa natureza essencial. Quando não estamos presos em nossa dor, na dúvida ou no medo, podemos nos abrir criativamente ao que cada momento da vida tem a oferecer e ao tesouro que temos para oferecer à vida. Livres de nossas limitações e compromissos, nos tornamos mais flexíveis, mais produtivos, mais conscientes.
Estudo e pratico o dzogchen desde que era um jovem monge na Índia há muitos anos. Embora as origens desses ensinamentos estejam nas antigas escolas de sabedoria de Zhang Zhung e do Tibete, sua essência é como a água pura – atemporal e universal, não pertencendo à esfera de ação de uma religião ou cultura em particular. Abertos e inclusivos, os ensinamentos são tão relevantes hoje quanto eram há séculos. Com base nesses ensinamentos, as meditações e práticas guiadas em Criatividade Espontânea destinam-se a ajudá-lo a ativar sua capacidade de lidar com os desafios que enfrenta e a expressar suas qualidades positivas de maneira criativa.
O Capítulo 1, Conectando-se à fonte, o introduz à sua própria natureza criativa e revela como se conectar ao refúgio interno, a fonte sagrada de todas as qualidades positivas, como o amor e a alegria.
O Capítulo 2, Conhecendo seu eu verdadeiro, descreve o refúgio interno como um remédio e oferece métodos para acessá-lo através das três portas: do corpo, da fala e da mente.
O Capítulo 3, Uma jornada da abertura à manifestação, mapeia um caminho de cinco estágios para a realização de todo o seu potencial através do despertar dos poderes criativos de abertura, consciência, inspiração, amadurecimento e manifestação. O potencial criativo, em cada estágio, é explorado juntamente com métodos práticos para dissolver quaisquer obstáculos que possam ser encontrados.
O Capítulo 4, A expressão sagrada do sofrimento e da sabedoria, descreve uma outra abordagem para manifestar seu potencial criativo. A arte do rushen e a arte do tögel permitem que você elimine bloqueios emocionais e explore sua criatividade inata. Na arte do rushen, a expressão da dor torna-se um caminho para a cura, enquanto na arte do tögel expressamos as qualidades positivas que surgem espontaneamente.
O Capítulo 5, Serviço e liderança iluminados, nos leva além da expressão criativa individual até o ponto culminante da prática espiritual: o cuidado e o serviço como um caminho sagrado. Aqui você descobre maneiras de aplicar sua energia criativa e suas habilidades inatas para o benefício da família, do local de trabalho, da comunidade e do mundo em geral, expressando sua sabedoria e compaixão naturais como um cuidador e um líder iluminado.
Cada um de nós é parte de uma família maior, conectada à vida como um todo em suas inúmeras formas. Se quisermos ir além da simples repetição da história humana, precisamos fazer mais do que apontar os erros de nossos ancestrais. Precisamos abraçar nossa dor pessoal e coletiva com abertura e coragem e seguir em frente com uma inspiração renovada. Dessa forma, seremos capazes de receber as bênçãos daqueles que vieram antes de nós e garantir o bem-estar das gerações futuras.
Meu desejo mais profundo é o de que você extraia um grande benefício desses ensinamentos ao explorá-los, levá-los ao seu coração e senti-los ganhando força em sua própria vida.