Leia um trecho do livro "Os yogas tibetanos dos sonhos e do sono" de Tenzin Wangyal Rinpoche:
Em vez de reagirmos cegamente às situações, podemos parar um instante para nos comunicarmos com nós mesmos. Nesse espaço, podemos escolher gerar o antídoto para a emoção negativa, em vez de manifestá-la. Se alguém está com raiva de nós e surge raiva em nós, o antídoto é a compaixão. Fazê-la brotar pode parecer forçado e pouco autêntico no início, mas se percebermos que a pessoa que nos irrita está sendo controlada por seus próprios condicionamentos, é possível sentir compaixão, talvez até mesmo sentir uma conexão com a pessoa, deixando um pouco de lado nossas reações negativas. Dessa maneira, começamos a moldar nosso futuro de forma positiva.
Essa nova resposta ainda se baseia no desejo – neste caso, pela virtude, pela paz ou pelo desenvolvimento espiritual – e também produz um traço kármico, mas um traço positivo. Nós plantamos uma semente de compaixão. Da próxima vez que nos encontrarmos com a raiva, teremos uma chance um pouco maior de responder com compaixão, o que é muito mais confortável e espaçoso do que a estreiteza da raiva autoprotetora. Dessa forma, a prática da virtude requalifica cumulativamente nossa resposta ao mundo e acabamos, por exemplo, encontrando cada vez menos raiva, tanto interna quanto externamente. Se persistirmos nesta prática, começaremos a ver menos pessoas que parecem merecer nossa condenação ou raiva e mais pessoas se debatendo com seus condicionamentos kármicos. A compaixão acaba surgindo espontaneamente e sem esforço.
Usando a compreensão do karma, podemos treinar nossas mentes para usar toda a experiência, mesmo os devaneios mais íntimos e fugazes, como apoio à nossa prática espiritual.