Ao desenvolvermos a coragem de olhar para nós mesmos, sem vieses, conseguimos também começar a ver os outros com maior clareza. É possível nos conectar às pessoas porque, em vez de temermos a nossa mente, aprendemos a trabalhar com ela por meio da prática de meditação. É uma abordagem baseada na não violência e na aceitação, em substituição à luta ou à dominação dos demais. A aceitação de nossa experiência, com toda sua complexidade e incerteza, cria a base para qualquer mudança verdadeira.
Este volume poderia ser considerado um guia prático para a psicologia budista. Ele é baseado no entrelaçamento de dois conceitos básicos: reino e bardo. O esquema budista tradicional dos seis reinos — deuses, deuses invejosos, seres humanos, animais, fantasmas famintos e seres infernais — por vezes é tido como uma descrição literal dos modos de existência possíveis. Mas, neste caso, o esquema dos seis reinos é utilizado para descrever os seis mundos completos que criamos como as conclusões lógicas de picos emocionais tão poderosos como a raiva, a avidez, a ignorância, a lascívia, a inveja e o orgulho. Ao repudiar o poder de nossas emoções e projetar esse poder no mundo externo, acabamos aprisionados de diferentes maneiras, sem esperança de escapar.